Nesta edição, o Kara do Koelle conversou com a aluna Julia Nishi, do 2º ano do Ensino Médio. Em 2018 ela se afastou da escola por alguns meses para lutar contra anorexia, uma doença silenciosa que afeta principalmente adolescentes, e venceu! Confira abaixo a entrevista que a Julia nos concedeu.
KK: O que é a anorexia?
Júlia: Anorexia é uma doença psicológica, que faz você se tornar obcecada pelo “corpo ideal”, que seria o corpo magro, e a partir disso surge uma péssima relação com o alimento. Açúcar, carboidratos, gorduras e até mesmo verduras, legumes e proteína, basicamente todo tipo de alimento passa a dar medo de engordar. A doença faz com que, mesmo sendo magra, a pessoa se veja gorda, desejando emagrecer ainda mais.
KK: Qual foi o papel da sua família e dos seus amigos?
Júlia: Com certeza foi mais distante. Tive depressão atrelada à anorexia e isso me levou a ao distanciamento de todos. Meus pais contribuíram muito para minha recuperação, sendo que minha mãe ficou internada comigo, e meu pai, além de ir me visitar, manteve seu trabalho para nos manter financeiramente. Mas mesmo distantes, sei que muitos amigos e minha família se preocupavam, sempre conversavam entre si, ofereciam ajuda e torciam por mim.
KK: Foi difícil para você assumir que essa obsessão por emagrecer era uma doença?
Júlia: Sim, e muito! Tenho uma amiga que já passou por isso e me falava que eu tinha comportamentos anoréxicos. Perguntava se eu sentia culpa, mas eu não admitia. Para falar a verdade, eu realmente aceitei quando fui internada. Antes, todos falavam, mas eu não acreditava que estava doente, muito menos magra. Isso eram apenas sintomas da doença.
KK: Até que ponto a pressão que existe para que modelos e bailarinas tenham um corpo excessivamente magro contribuiu para desencadear a anorexia?
Júlia: Quando estava internada descobri que há vários motivos para o desenvolvimento da anorexia e um deles é o fator genético. Mas com certeza a pressão para ter um corpo magro realmente contribui. Geralmente é algo mais profundo e essa pressão se torna apenas a gota d’água para o desencadeamento da doença.
KK: Por que você decidiu tornar pública a sua história pessoal?
Júlia: Sempre senti que todos tinham um pouco de receio de falar sobre isso comigo, como a internet tem um alcance maior, pensei que ao compartilhar minha história e falar sobre tudo que passei, poderia ajudar outras pessoas que estejam vivenciando o mesmo problema.
Você também pode encontrar uma entrevista da estudante Julia que foi dada para o Jornal Cidade clicando aqui.
Agradecemos à Julia e seus pais, que se disponibilizam pra que a luta da Julia seja divulgada, ajude outras adolescentes com o mesmo distúrbio e que conscientize aos pais sobre os sintomas e sinais silenciosos da doença.