Estou no intervalo do Colégio, a hora em que nós, alunos, descansamos do excesso de matérias que tivemos na metade da manhã. Encontro-me em uma roda de amigas. A princípio, era para nós estarmos conversando, mas, ao levantar minha cabeça, cai-me a ficha e percebo que sou a única que não estava no celular. Apoio a minha cabeça na mão e fico ali por um tempo pensando, até que uma amiga interrompe meu profundo pensamento dizendo: “vamos tirar uma foto?” Aceitamos, ela posta a foto em uma de suas redes sociais e uma amiga que está ao meu lado me mostra nossa linda foto, sorrindo e abraçadas com a legenda: eu amo estar com elas. Consequentemente, meu pensamento retorna e imediatamente me vem a certeza: como nós, seres humanos, depois da tecnologia, nos tornamos superficiais.
Quando estamos separadas, mandamos mensagem e notificações a todo momento, dizendo: “amiga, você não sabe, preciso falar com você”, “amiga, que saudade de você” ou, até mesmo, “amiga, precisamos colocar o papo em dia”, mas, na verdade, quando estamos uma ao lado da outra, quando estamos o mais próximas possível, sim, temos o veneno em nossas mãos, o celular.
Você, leitor, já parou para pensar que o celular só é um veneno porque nós fazemos dele um? E com ele consequentemente se tem as redes, que nos trazem horas de ilusão, minutos de escapismo e vários likes de indiferença. Geração que, de tanta informação, não sabe o que são sentimentos reais.
Temos o costume de ser quem não somos, de demonstrar uma vida perfeita e impecável, sem nenhum problema sequer, mas, por dentro, pode haver algo que nos corrói, não podemos perceber a total felicidade de alguém por redes sociais. E com toda essa era digital, parece não haver mais esperança para o futuro, tememos que um dia tudo se torne um mundo ilusório, abstrato. O nosso tempo voa em um piscar de olhos, temos que aproveitar o que a vida nos proporciona e senti-la em nossas emoções e não em nossas mãos.
por Isabelli Góes